\ A VOZ PORTALEGRENSE: Livros de Camilo são disputados

sábado, junho 24, 2006

Livros de Camilo são disputados

Camilo Castelo Branco no topo do mercado do livro antigo
Caso único na literatura portuguesa, Camilo assistiu ao longo da vida, à multiplicação dos coleccionadores da sua obra. Embora este culto atingisse o auge, no fim do século XIX e primeira metade do XX, continuam a ser elevadas, em leilões e alfarrabistas, as cotações dos seus livros e opúsculos. Exemplos significativos deparam-se na enumeração dos preços da Descrição Bibliográfica Camiliana, elaborada em volume por Miguel de Carvalho, livreiro antiquário de Coimbra, Não se trata, apenas, das primeiras edições de vários romances e novelas célebres, há muito classificadas como invulgares e a que Miguel de Carvalho atribuiu valores sujeitos, como é habitual, a reajustamentos: Amor de Perdição, Typographia de Sebastião José Pereira, Porto, 1862 (1200 €); Horas de Lucta, Typographia de Freitas Fortuna, Porto, l889 (3750 €); Carlota Angela, Typographia da Aurora do Lima, 1858 (500 €); Anathema, F. Q. da Fonseca editor, Porto, 1851 (400 €); e Scenas Contemporaneas, Typographia de Faria Guimarães, Porto, 1865 (850 €). Nem se trata da 1ª edição da primeira peça de teatro, Agostinho de Ceuta, Typographia de Bragança, 1847 (350 €), ou do primeiro livro que publicou, Pudonores Desagravados, versos, Typographia da Revista, Porto, 1845 (280 €).
O interesse dos camilianistas mais exigentes incide porém, fundamentalmente, sobre O Bico de Gaz, Typographia de Freitas Fortuna, Porto, 1854 (13 mil €); O Caleche, Typographia de J. Lourenço de Souza, Porto, 1849 (230 €); O Folhetim do Nacional, Revista do Porto, 1850 (2450 €); A Infanta Capelista, Typographia de António José da Silva Teixeira, Porto, 1872 (9500 €); Maria Não Me Mates Que Sou Tua Mãe, Typographia do Ecco, Porto, 1848 (1650 €). Qualquer destas últimas espécies, de extrema raridade, é sempre motivo de grandes disputas, mantendo Camilo no topo dos preços do mercado bibliográfico.
ANTÓNIO VALDEMAR

Texto e Gravura:
EXPRESSO / ACTUAL / 24 JUNHO 2006 / PÁGINA 7