\ A VOZ PORTALEGRENSE: Crónica de Nenhures

sexta-feira, setembro 22, 2006

Crónica de Nenhures

Subsidiodependência cultural
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É possível a cultura passar sem depender de subsídios? Esta é uma pergunta, à qual não conseguimos dar uma resposta definitiva.
No passado mês de Julho, levantou-se uma polémica em torno do Teatro Rivoli e do Teatro do Campo Alegre, ambos portuenses e municipais, que tinha a ver com a proposta da Câmara Municipal daquela cidade em privatizar aqueles espaços culturais.
As ditas forças cívicas e culturas da cidade saíram a terreiro, vociferar contra a ideia, defendendo que a autarquia tinha a obrigação de continuar a subsidiar aquelas estruturas.
Contrapôs o edil, dizendo que o esforço financeiro era excessivo, em relação ao número de utentes que os usufruíam.
Portanto, a questão não era de subsidiar ou não subsidiar, mas sim uma relação de custos e benefícios.
Agora, na mesma cidade, mas no Teatro Nacional de São João, está em cena a peça de Jean Genet, “Os Negros”. O seu conteúdo é de cariz racista, assumido, aliás, pelo próprio autor.
Sem querer trazer à liça a Constituição da República Portuguesa, e o artigo ou parágrafos que proíbem tais manifestações, somente pretendemos questionar se o Estado deve ou não subsidiar este tipo de espectáculo, visto ele ter lugar num teatro nacional.
Uma vez mais, não temos uma resposta conclusiva. Contudo, não deixaríamos de dizer que a resposta será dada pelo número de espectadores presentes ao longo da exibição.
Agora, no caso concreto, a entidade que tutela este Teatro Nacional tem que ser responsabilizada pela decisão na escolha do reportório da temporada, e dar conta disso a quem de direito. Mas, estamos em Portugal!
Em termos culturais, o país vive numa verdadeira ditadura de esquerda, que se traduz na mais feroz censura a tudo o que escape às normas que ela própria instituiu, com a conivência de todos os governos da Terceira República. E a comunicação social é outra cúmplice desta situação absurda.
O Estado central e as Autarquias, vivem tementes do que os agentes culturais ligados à ditadura reinante possam dizer ou fazer, se lhes é cortado o subsídio. Esse medo permite a chantagem, o círculo fecha-se, e a subsidiodependência campeia despudoradamente!
MM