\ A VOZ PORTALEGRENSE: Crónica de Nenhures

quinta-feira, setembro 28, 2006

Crónica de Nenhures

Tempo de Renascer
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Amanheceu chuvoso e triste este 28 de Setembro de 2006. Simbolicamente, assim teria que acontecer. Passam hoje tinta e dois anos sobre o denominado “28 de Setembro”, dia nefasto para a Direita Portuguesa.
Tiveram lugar, naquele horribili dictu de 1974, acontecimentos cuja influência perdura até hoje, e que se traduziram na decapitação dos Partidos de Direita, surgidos após o golpe pretoriano de 25 de Abril desse ano.
Tudo começara com a incapacidade política de António de Spínola e a hipocrisia do seu «amigo» Francisco da Costa Gomes.
Inábil, Spínola não conseguia controlar a situação política pós-abrilina. Em desespero de causa, en tour de force, tenta a realização de uma manifestação de apoio, mobilizando o que denominava de «maioria silenciosa».
Entretanto, a esquerda antidemocrática liderada pelo PCP e seus apêndices (realce para o papel do MDP/CDE neste famigerado processo), junto com a ala esquerdista do MFA, cerra fileiras para impedir a dita manifestação. Vão para a rua, constroem barricadas, assaltam e destroem as sedes dos Partido de Direita que apoiavam Spínola, fomentam o caos, intimidam e agridem, em suma, criam um clima de pré-insurreição que leva Spínola, fraco e incapaz de resistir, a capitular.
No rescaldo da quartelada esquerdoide, os então principais Partidos de Direita, coligados na Frente Democrática Unida, liderada pelo Partido do Progresso – Movimento Federalista Português de Fernando Pacheco de Amorim, junto com o Partido Liberal de Manuel Ferreira dos Anjos, e o Partido Trabalhista Democrático Português de Fernando Correia Ribeiro, são proibidos, restando nesta área política o PDC e o CDS, que, principalmente o segundo, não se assumia como tal, vade retro, Satana!
Desde então, a Direita numa mais conseguiu recuperar das sevícias impostas. Mais tarde, em 11 de Março do ano seguinte, novo golpe sofreria, com o impedimento do PDC concorrer às eleições constituintes de 25 de Abril de 1975, ele que era o Partido mais importante da Direita, à época.
Ficou o CDS e o então PPD. No Partido do então Largo do Caldas, recusando definir-se de Direita, acolheu-se parte da Direita. O Partido de Sá Carneiro, onde se acoitava a maioria do aparelho caetanista, absorveu outra parte. A restante manteve-se fora deste jogo partidário, enveredando por novos Futuros.
Nesta Terceira República, a Direita tem sido usada e abusada em termos eleitorais, por gente e Partidos, que de seguida a renegam e desprezam.
Triste sina a da Direita neste Portugal, cujo drama começou precisamente naquela fatídica madrugada de princípios de Outono. Tudo pela fraqueza de uns, cobardia de outros e oportunismo de muitos.
MM