\ A VOZ PORTALEGRENSE: A Entrevista

quarta-feira, janeiro 31, 2007

A Entrevista

Em entrevista à revista Única do semanário Expresso do passado fim-de-semana, António dos Santos Ramalho Eanes saiu de além-túmulo para afirmar que se sente desaproveitado pelo Estado.
O ex-presidente da República tem a memória curta ou então a idade começa a pesar-lhe, afectando-lhe a memória. O seu comportamento enquanto político trouxe-lhe as maiores desconfianças à direita e à esquerda. Com o passar do tempo no Palácio de Belém viu afastarem-se apoiantes da primeira hora e outra gente que nele depositou confiança política.
Quem já esqueceu o processo da sua recandidatura? O primeiro mandato foi caracterizado por laivos de intolerância em relação aos partidos políticos, a ponto de se formarem Governos da sua iniciativa, como foi os de Alfredo Nobre da Costa, Carlos Alberto da Mota Pinto e Maria de Lurdes Pintassilgo (assinava só com um “s”). A ruptura com Francisco Sá Carneiro levou a que a direita o não apoiasse na recandidatura, o mesmo acontecendo em relação a Mário Soares, a título pessoal, facto que levou à maior crise interna da história do Partido Socialista.
Quis dividir o PPD-PSD e o PS, agrupando gente dessas duas áreas ideológicas num centrão, com a criação de um partido de tipo mexicano. O extinto Partido Renovador Democrático (PRD) foi por ele idealizado, e criado à sua imagem e semelhança, tendo tomado a sua presidência após o fim do segundo mandato. O fracasso eleitoral do PRD, levou-o a afastar-se, até que se afastou de vez da política activa.
Com lugar cativo no Conselho de Estado, fez esporádicas “aparições”, como no apoio à candidatura presidencial do Aníbal Cavaco Silva, sendo nesta última seu Mandatário nacional. Recentemente doutorou-se por uma Universidade castelhana. E o seu currículo público está feito.
Se no campo dos militares, não é figura grada, também o não é nos meios políticos. Daí a sua “inteligência” em manter-se afastada da cena política, pese embora este seu “arrufo”, para não dizer “oferecimento” à Causa Pública, no fundo a leitura mais importante que ressalta da entrevista.
MM