\ A VOZ PORTALEGRENSE: Crónica de Nenhures

quarta-feira, novembro 21, 2007

Crónica de Nenhures

Fora de Horas
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Depois do “diálogo de caserna” entre os presidentes de Espanha e da Venezuela, que o Mundo acompanhou com a maior hilaridade, aliás que mais podia fazer perante o inusitado da situação, Hugo Chávez, depois de visitar o Irão e a França, chegou ontem a Portugal.
Aqui aconteceu um facto político ao qual se não deu a devida importância, que foi a não recepção ao Chefe de Estado da Venezuela por parte do Chefe de Estado de Portugal. Não faz sentido, politicamente, que um Chefe de Estado não seja recebido pelo seu homólogo, quando o primeiro visita o país do segundo. Mas pelos vistos Chávez não deu importância de maior ao caso. Mas fez mal! A diplomacia tem regras, que tendo em conta as relações entre os Estados têm que ser cumpridas.
A Venezuela é um país onde decorre uma revolução que pode conduzir a um regime autocrático, liderado por Hugo Chávez. Será sensato isolá-lo politicamente, como que criando à sua volta um cordão sanitário, como pretendem os EUA? Essa “experiência” foi feita pelos americanos em relação a Fidel Castro, que então se “virou” para a URSS, com as consequências que se conhecem em relação aos Direitos Humanos em Cuba, para não falar no desastre económico que é a revolução cubana.
É um erro político “isolar” Chávez. Se as Democracias apoiarem no que tem de saudável a revolução venezuelana, como por exemplo o fim do domínio das multinacionais americanas na exploração dos recursos naturais da Venezuela e tornar aquela economia mais aberta à diversificação dos investimentos, de certeza que os laivos esquerdistas pró-marxistas serão eliminados. Agora se persistirem na apropriação das mais-valias que o povo venezuelano gere com o seu trabalho e com os seus recursos naturais, por parte das oligarquias que exploram a Venezuela, então “novas Cubas” surgirão por toda a América Central e do Sul.
No encontro com o Primeiro-Ministro de Portugal, Chávez apelou ao investimento dos grupos económicos portugueses na Venezuela e salientou o contributo positivo da Comunidade Portuguesa no seu País. Porquê fazer “orelhas moucas” a estas palavras?
Hugo Chávez é hoje em dia “politicamente infrequentável” pelo establishment. E Aníbal Cavaco Silva, um político “inculto”, mais não fez do que um fretezinho ao inimigo figadal de Chávez, George W. Bush. Tudo o mais é fogo-fátuo!
MM