\ A VOZ PORTALEGRENSE: Marcel Lefèbvre

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Marcel Lefèbvre

Papa deve aceitar integristas que não acatam Vaticano II
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O Papa Bento XVI já tinha dado passos na aproximação à Fraternidade, logo a seguir a ter sido eleito, em 2005
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António Marujo
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Muitos católicos pensarão que não havia necessidade, mas pelos vistos a decisão está tomada: o Papa Bento XVI decidiu anular a excomunhão automática que pendia sobre quatro bispos ordenados em 1998 pelo então arcebispo Marcel Lefébvre, que fundou o grupo integrista Fraternidade Sacerdotal S. Pio X.
A notícia foi avançada anteontem no diário italiano Il Giornale e até à tarde de ontem não foi confirmada nem desmentida pelo Vaticano. O texto de Andrea Tornielli, considerado bem informado na matéria, acrescentava que o decreto está assinado e será tornado público nos próximos dias - a agência AFP dizia que poderia acontecer já hoje.
Lefébvre morreu em 1991, mas, em 1988, tinha sido objecto de excomunhão automática por João Paulo II, por ter ordenado os quatro bispos sem autorização da Santa Sé. Para Lefébvre, que fora missionário no Senegal e arcebispo de Dacar, algumas das mais importantes reformas do Concilio Vaticano II (1962-65) eram inconcebíveis: o abandono da missa em latim, a promoção do diálogo ecuménico com protestantes e ortodoxos, ou o diálogo inter-religioso.
Os quatro bispos que agora poderão ser reintegrados na Igreja Católica são os franceses Bernard Fellay, líder da Fraternidade, e Bernard Tissier de Mallerais, o argentino Alfonso de Gallerata e o britânico Richard Williamson, que provocou uma nova polémica, ao afirmar na televisão sueca que não houve câmaras de gás na II Guerra Mundial e que apenas 200 mil a 300 mil judeus terão sido mortos nos campos de concentração nazis.
A Santa Sé teve já vários gestos de aproximação em relação aos integristas. Bento XVI começou por receber o bispo Fellay no Verão de 2005, pouco depois de ter sido eleito como Papa. Em Julho de 2007, autorizou que se pudesse voltar a celebrar a missa segundo o rito tridentino, que tinha sido praticamente abandonado após o Vaticano II.
Em Junho de 2008, o Vaticano renunciou mesmo a exigir aos membros da Fraternidade a aceitação da doutrina conciliar. Foi-lhes pedido apenas que não ponham em causa a autoridade do Papa nem façam declarações emcontradição com a Igreja - ou seja, com a sua hierarquia.
Segundo Il Giornale, o próximo passo poderia ser a concessão do estatuto de prelatura pessoal à Fraternidade Pio X - de que hoje beneficia apenas a Opus Dei. Ou seja, esta dependeria directamente do Papa e do bispo que a preside, não tendo que prestar contas aos bispos locais.
in, 16 . Público . Sábado 24 Janeiro 2009