\ A VOZ PORTALEGRENSE: Grupo Desportivo Portalegrense

domingo, julho 26, 2009

Grupo Desportivo Portalegrense

Para a História do Futebol em Portalegre
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Homenagem merecida
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O futebol em Portalegre tem uma história de mais de um século. E este palco memorável que foi o Estádio da Fontedeira, inaugurado às quatro horas da tarde de domingo dia 2 de Abril de 1911, viveu tardes de glória. De todos os Clubes de futebol que Portalegre teve, sem dúvida que o Grupo Desportivo Portalegrense e o Sport Clube Estrela marcaram essa glória, quer nos jogos entre si, quer com equipas que na época eram referência no futebol português. Jogadores nados e criados em Portalegre, ali deram os primeiros passos em carreiras futebolísticas de maior ou menor sucesso. Outros vindos de fora, deixaram naquele campo de terra batida a sua categoria como profissionais de um desporto que empolgava a cidade de Portalegre.
Severiano Ferro foi um desportista que honrou a camisola do Clube que o homenageou, em preito de gratidão, na sua despedida como futebolista. Depois iniciou uma carreira na arbitragem, como árbitro principal no Distrital da Associação de Futebol de Portalegre, e como auxiliar nos Campeonatos nacionais.
Severiano jogava na posição de guarda-redes, e a “tribo do futebol” conhecia-o por «Linda». Poucos sabiam o seu nome de baptismo, porque a sua popularidade impôs que no dia-a-dia fosse o «Linda».
Para a homenagem, o Grupo Desportivo Portalegrense convidou o Sporting Clube de Braga, que na véspera jogava em Évora e que no seu regresso a Braga passava por Portalegre. Nesse jogo, o Lusitano Ginásio Clube ganhara por 4 – 1. E no final da época 1954/55, o Lusitano ficou em 10.º lugar com 21 pontos, enquanto o Sporting de Braga ficou em 5.º com 29 pontos, com o facto de o Sport Lisboa e Benfica ter sido campeão com 39 pontos, seguido do Clube de Futebol «Os Belenenses» com os mesmos 39 pontos, tendo o SLB empatado em casa 0 – 0 e vencido fora 1 – 2.
Na segunda-feira dia 25 de Abril de 1955, pelas 18 horas, tem lugar no Estádio da Fontedeira a Festa de Homenagem a Severiano Ferro «Linda».
Antes, «O Distrito de Portalegre» dizia que Palmeiro (Benfica) reforçaria a equipa local, facto que não se confirmou, e «A Rabeca» anunciava que ‘O Clube «Asas de Portalegre» promoverá uma largada de pombos, em saudação à equipa visitante de Braga – o valoroso «Arsenal do Minho»’, dado este de que os jornais não falarão nas edições que relatam a Homenagem.

As equipas alinharam:
Portalegrense: Severiano, Santos e Massano; Fonseca, Robalo e Roqui; Elias, Brito, Jacinto, Bica e Almeida
Aos 15 minutos o homenageado é substituído por Augusto, e Sanina e Curto entram a substituir Elias e Fonseca.
Sporting de Braga: Faria, José Maria e Abel; Pinto Vieira, A. Marques e Calheiro; Baptista, Costa, Garófalo, Vicente e Corona
Faria é substituído aos 22 minutos por Cesário, e na segunda parte entraram Imbeloni e Fantin.
Árbitro: Manuel Curinha de Sousa. Juízes de Linha: João Sanganho e Eduardo Figueira.
«A Rabeca», em crónica não assinada, é sucinta. Dos três parágrafos da notícia, apenas dois se referem concretamente ao que se passou naquele final de tarde primaveril:
_ A partida teve fases de bom futebol e à indomável energia e apego na luta, mantidos desde o início, deveu o grupo local a vitória obtida sobre o afamado «Arsenal do Minho».
Também o resultado de bilheteira deve ter sido compensador para o homenageado, pois o campo apresentou uma concorrência desusada de espectadores. Isto nos apraz registar, com as nossas felicitações ao simpático Linda, que se distinguiu sempre como um bom e leal desportista, credor da estima geral
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Mais desenvolvida é a notícia em «O Distrito de Portalegre». Se bem que a peça jornalística não esteja assinada, é redactor desportivo do jornal José Maria Cabecinha.
Resume «O Distrito de Portalegre»:
_ Sai o Braga que querendo exibir-se somente, não chega a inquietar o guarda-redes local, ao contrário dos locais que procuram a baliza mais intencionalmente, conseguindo marcar os seus dois primeiros golos aos 13 minutos por Bica e aos 15 por Jacinto
, este a bom cruzamento de Almeida.
Aos 29 minutos Cesário vai ocupar o lugar de Faria e aos 30 minutos
Garófalo
na sequência de pontapé de canto, marca o único golo da sua equipa.
Resultado deste primeiro tempo 2 – 1 a favor dos locais, que está de harmonia com o que foi o jogo.
No segundo tempo o Braga faz entrar mais os dois titulares já referidos, mas o seu jogo até aos 20 minutos continua a ser o de boa execução técnica de facto, mas sem fazer perigar a baliza dos locais, ao contrário destes, que puseram à prova a boa categoria de Cesário, que no entanto foi batido aos 44 minutos por Jacinto, que, de cabeça, lhe faz sair a bola das mãos e que
Brito
aproveitou para transformar no terceiro golo do Portalegrense.
Repetimos que o resultado está certo, pois o Portalegrense jogou decididamente para ganhar, ao contrário do Braga, que talvez confiado demasiadamente ao querer atingir a finalidade dos jogos – a obtenção de golos – não o conseguiu, por mérito dos seus adversários, sempre decididos na defesa da sua baliza, sem descurar o ataque.
A defesa local foi um sector seguro, e na linha da frente, Bica, Almeida e Jacinto foram os melhores.
No Braga Garófalo, Cesário e Fantin salientaram-se
Boa arbitragem de Curinha de Sousa.

A “grande” História do Futebol é feita de “pequenas histórias”, como a da Homenagem, justa, a «Linda».
Mário Casa Nova Martins
Bibliografia
«A Rabeca», números 1828, 1829
«O Distrito de Portalegre», números 4404, 4406, 4407
Antigas Glórias do Futebol Algarvio e Alentejano