\ A VOZ PORTALEGRENSE: Luís Filipe Meira

segunda-feira, setembro 21, 2009

Luís Filipe Meira

HOMEM RICO ; HOMEM POBRE
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Com: Sónia Bandeira, Fábio Oliveira
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SECOND LIFE
De: Alexandre Valente e Miguel Gaudêncio
Com: Piotr Adamczyk, Nicolau Breyner, Lúcia Moniz
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Aqui estão dois filmes portugueses tão diferentes entre si como a água e o vinho. O primeiro aproveitou os parcos recursos reunidos até ao último cêntimo. O segundo esbanjou o orçamento em filosofias de cordel e burguesices recorrentes.
Aquele Querido Mês de Agosto é uma viagem ao Portugal profundo, que tem nas festas de Verão e na chegada dos emigrantes o seu ponto alto.
A primeira parte é uma espécie de making off da fita, com discussões sobre orçamentos e as escolhas dos actores entre a população da aldeia. O documentário numa segunda parte dá lugar à ficção, assente numa história de amor incompreendido e proibido entre dois primos, que integrados num grupo musical familiar percorrem as aldeias da Beira Interior, abrilhantando musicalmente as festas de Verão.
Filme simples, popular, que chega a enternecer os corações mais empedernidos, tal é a fidelidade do retrato dum povo ingénuo que se diverte à grande e à francesa naqueles bailaricos onde os pares entre duas minis evoluem romanticamente pelo recinto, ao som de música autenticamente popularucha. Nunca Dino Meira ou os Marante fizeram tanto sentido…
Miguel Gomes, antigo crítico de cinema no Público, viu o seu trabalho reconhecido ao ser escolhido para a Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes, o que foi inteiramente merecido.
Aqui temos uma fita que de alguma forma leva-nos a respeitar a pureza, a simplicidade e a autenticidade das coisas rústicas.
Second Life de Alexandre Valente é a antítese do filme de Miguel Gomes. Com a participação de um grupo de actores de primeira linha, tem diálogos em italiano, inglês e português, e conta-nos uma história em ambiente de grande luxo, com relações cruzadas entre homens, mulheres, drogas, álcool, morte e sexo, conseguindo mesmo assim ser tão desinteressante que pouco ou nada prende a atenção do espectador.
Second Life é um verdadeiro desperdício de dinheiro e do talento de alguns bons actores que por aqui passam.
Second Life… Um desastre sofisticado.
Luís Filipe Meira