\ A VOZ PORTALEGRENSE: Jaime Crespo

domingo, fevereiro 20, 2011

Jaime Crespo

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nunca é cedo para derrubar um mau governo...
... nem tarde.

O problema parece que se prende com uma questão de... oportunidade política.
No nosso sistema político, existem duas formas legais de derrubar um governo em exercício:
1. (sem espinhas) o presidente dissolve a Assembleia da República e o governo cai com ela, convocando-se o povo a novas eleições.
2. (a porca torce o rabo) um, ou vários, ou todos ao mesmo tempo, os partidos da oposição apresentam uma moção de censura que caso seja aprovada implica a queda do governo e da Assembleia e a convocação de novas eleições.
Quanto à 1ª opção, com Cavaco, estamos conversados, só quando tiver a certeza que aquele que ganhar as eleições dá mais garantias ao capital financeiro que o atual 1º ministro é que ele usará esse recurso. Como na atual situação não se vislumbra ninguém mais interessante que José Sócrates para efetivar as políticas da U.E. e do capital financeiro, Cavaco não mexerá uma palha para fazer cair Sócrates.
Restaria a 2ª opção, a qual, como se compreendeu pelo atabalhoamento que foi a apresentação da moção do Bloco de Esquerda, agravado pelas explicações dos seus dirigentes que se lhe seguiram, é um mero recurso de tapa olhos que os partidos usam para motivar os seus militantes.
Antes do Bloco, já o PCP anunciara a possibilidade de apresentar a sua moção, o Bloco que não achava oportuno, no dia seguinte avançou. O CDS/PP está aberto a ler as moções que venham a ser apresentadas e a decidir o seu sentido de voto. O PPD/PSD acha que como maior partido da oposição, deverá ser ele a escolher o "timing" certo para o fazer.
Ora, quando Sócrates diz: "Ninguém leva muito a sério a moção do Bloco de Esquerda", o que ele quer dizer é que nada do que se faça neste quadro político é para levar a sério porque a todas as forças políticas presentes na Assembleia interessa este estado de coisas, porque no fundo, todos estão bem integrados neste sistema político, gerido por Bruxelas e comandado pelo capital financeiro.
Os ditos "esquerdistas radicais", Bloco, dizem defender uma outra Europa, a Europa dos cidadãos, seja lá isso o que for.
Quanto ao PCP diz que foi contra a entrada de Portugal na U.E. mas agora que já lá estamos...
Quanto ao PSD e ao CDS, para quê preocuparem-se quando um partido que até tem "Socialista" no nome, faz o trabalho que normalmente lhes caberia a eles, partidos da direita, veros representantes do capital financeiro e dos fazedores da crise?
O que se passa é que no atual quadro, a Assembleia da República não passa de uma ópera bufa, tudo aquilo é falso, nada daquilo é fado. É tudo muito bem orquestrado para iludir o povo.
Lembro-me da canção de Zeca Afonso, "no comboio descendente". Eles vão todos no mesmo comboio. E o povinho está na estação a ver passar comboios.
Porque o que está em causa não é este 1º ministro e este governo. O ponto são as políticas que estão em prática e que continuarão a ser praticadas seja qual for o governo saído do atual quadro da Assembleia da República.
Vão-se por em prática novas políticas que defendam o povo português e os trabalhadores, o seu direito ao trabalho e a uma vida digna?
Se alguém está disposto a isto então vamos lá.
Caso contrário, mudar Sócrates por Coelho ou outro qualquer, nada resolve.
Jaime Crespo