\ A VOZ PORTALEGRENSE: As não-notícias

quinta-feira, junho 16, 2011

As não-notícias

As não-notícias
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A primeira constatação/certeza das eleições legislativas de 5 de Junho de 2011 é que o eleitorado virou à Direita e deu a esta uma confortável maioria absoluta. Mas a sabedoria popular não deu a maioria absoluta a um só partido.
Agora não foi notícia na comunicação social politicamente correcta que o maior partido da Direita extra-parlamentar aumentou a sua votação de 11.614 em 2009 para 17.742 em 2011. Este score não dá, evidentemente, para eleger um deputado, mas naquele universo representa um aumento de 53%.
Numas eleições em que o voto útil voltou a ter uma força importante na votação no PSD, o facto de CDS e PNR terem mesmo assim aumentado as suas votações, é significativo. Se o PNR aumentou 6.128 votos, o CDS passou de 591.938 votos em 2009 para 653.987 votos em 2011.
Com a entrada do CDS para o Governo, o PNR ‘recupera’ bandeiras que o CDS lhe ‘roubou’ em 2009, e que o ajudaram a obter aquele excelente resultado eleitoral. É muito diferente estar-se na oposição ou ser-se da situação. O CDS irá, naturalmente, sofrer o desgaste de ser poder, e as promessa que fez nos campos em que ‘concorre’ com o PNR não as vai poder, naturalmente, cumprir na íntegra, o que irá abrir espaço para o PNR continuar a crescer.
Mas o PNR terá forçosamente de adaptar o seu programa, as suas bandeiras, à realidade portuguesa, e deixar de ‘copiar’ modelos estrangeiros. Áustria, Bélgica, Espanha, França, Holanda ou Suíça, por exemplo, têm problemas específicos, e Portugal tem os seus. Está provado que o Povo português sabe no momento do voto fazer as escolhas que julga as mais correctas para o país, e o PNR tem que saber interiorizar/corporizar os desejos e vontades dos portugueses. Só assim será útil à Direita.
O CDS é cada vez mais, em termos sociológicos, um partido urbano e jovem. O CDS elege deputados em Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria, Santarém, Lisboa, Setúbal e Faro. Se se considerar interior do país o distrito de Viseu, este é o único onde o CDS elege um deputado. E o eleitorado jovem está no litoral, nos distritos onde o CDS elege deputados. E os grandes centros urbanos estão no litoral, onde o CDS elege deputados.
No distrito de Portalegre, o CDS teve a maior votação no concelho de Monforte, um concelho rural e a terra do cabeça de lista, provando-se a acertada escolha do mesmo. Mas se o CDS quiser obter mandatos autárquicos em 2013, é nas três cidades do distrito, Elvas, Ponte de Sor e Portalegre, concelhos que concentram os poucos jovens do distrito, que terá hipóteses. Mas se apostar na credibilidade e notoriedade das escolhas, e principalmente se cultivar a Ética.
No concelho de Elvas foi a terceira força política mais votada com 12,96%, 1.319 votos. No concelho de Ponte de Sor foi a quarta força política mais votada com 9,47%, 817 votos. No concelho de Portalegre foi a terceira força política mais votada com 11,73%, 1.549 votos. Transpondo estes valores para umas eleições autárquicas, o CDS elegeria um vereador em cada concelho, e mais do que um elemento para a Assembleia Municipal e para as Juntas de Freguesia.
Assim, o CDS tem que, arduamente, trabalhar para que o excelente resultado legislativo de 5 de Junho de 2011, venha a dar frutos no Outono de 2013. Mas partindo sempre do princípio que irá sozinho, e não em coligação autárquica com o PSD. Para na altura se evitarem desculpas!
Mário Casa Nova Martins