\ A VOZ PORTALEGRENSE: Heroina à portuguesa

terça-feira, outubro 02, 2012

Heroina à portuguesa

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Heroína(s) à portuguesa
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Se hoje a Esquerda em Portugal fosse culta, teria gerado no seu seio uma nova Padeira de Aljubarrota ou uma nova Maria da Fonte, e dela falaria sem cessar.
Mas desconhecedora da História de Portugal [veja-se a incompetência das críticas que fez recentemente à homónima obra «História de Portugal» dos historiadores Rui Ramos, Nuno Gonçalo Monteiro e Bernardo Vasconcelos e Sousa], e em consequência destas duas figuras do imaginário português, não fez o paralelismo.
A Padeira de Aljubarrota combateu os Castelhanos na crise de 1383-1385, e a Maria da Fonte combateu o Cabralismo na primavera de 1846.
Hoje já não há Castelhanos [mas vai voltar a haver quando da próxima implosão da Espanha!], e há muito que a Carta, o Cabralismo e os Cabrais se finaram.
Mas hoje o primeiro-ministro e a troika são para a Esquerda os Castelhanos e os Cabrais de outrora, se bem que de ambos quanto muito vagamente terá ouvido falar.
E quando uma mulher da Esquerda se alevanta e levanta para recusar receber um prémio literário das mãos do primeiro-ministro, é alevantada e elevada á condição de heroína nacional pela Esquerda. Mas também pelos ‘tolos úteis’ da Direita...
Todavia, que desde já se diga que nova heroína à portuguesa não recusou receber os 7.500 € do prémio. Pouca coisa!
Mas por outro lado não deixou de ser benfeito tudo o que aconteceu. A mistura oportunista entre política e cultura teve o que merecia.
Foi confrangedor ver gente da Direita associar-se a este ato político. A intelectualidade de Esquerda gosta de ser bem recebida nos salões da Direita, mas despudoradamente critica-a. E a Direita, estupida, gosta de se misturar com a intelectualidade esquerdóide, pensando que tal lhe dá ‘carta de alforria’. Imbecis!
Este episódio protagonizado por uma das ‘famosas’ “Três Marias” é deveras notável. O político teve o que merecia, e a vencedora do prémio mostrou que afinal o ato de entrega era um ato político, não de cultura, e nele recusou participar. Mas aceitou o dinheiro do mesmo. Assim, tudo correu dentro da normalidade.
Agora se a senhora, além de recusar aceitar a distinção, que a própria pela atitude que tomou assumiu ser política e não cultural, das mãos do primeiro-ministro, tivesse recusado em simultâneo o valor monetário, ou o tivesse legado a uma Instituição, eu seria o primeiro a louvar a atitude, a dupla atitude por que consequente.
Desta forma, que cada um faça a leitura que entender.
Mário Casa Nova Martins