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segunda-feira, dezembro 14, 2015

O Diabo

Ainda o 25 de Novembro
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Nesta Terceira República, a Direita não tem grandes data para celebrar ou comemorar. Então, encontrou uma, o ‘25 de Novembro de 1975’, como comemorável ou celebrável.
É um facto que na falta de outra efeméride, esta data merece ser lembrada como o Thermidor do PREC. Mas, realmente, o que foi o ‘25 de Novembro de 1975’?
Para responder a esta questão recorre-se ao “Diário da Índia” do Embaixador Marcello Duarte Mathias, que na página 264 escreve:
_ De resto, o 25 de Novembro levou, de início, muita gente ao engano. Julgou tratar-se de um embate entre esquerda e direita, de que esta teria triunfado. Deste equívoco se alimentou durante uns tempos o 25 de Novembro. O que, na realidade, se verificou foi simplesmente o confronto entre uma extrema esquerdaanarco-revolucionária e a esquerda socialista e maçónica, tendo esta última prevalecido.
Esta interpretação está datada de 1995, há vinte anos, portanto, mas mantém toda a clareza e verdade do que realmente se passou naquele ‘Verão Quente’ de 1975.
Se o ‘11 de Março de 1975’ foi uma quartelada, cuja História continua por fazer, o ’25 de Setembro de 1974’ representa a ida para o Gueto da Direita portuguesa, de onde ainda não conseguiu sair.
A força que então tinha o PP – Partido do Progresso naquele outono de 74, é semelhante à que viria a ter o PDC – Partido da Democracia Cristã naquele final de inverno de 75. Ambos, temidos pela Esquerda totalitária dominante, foram proibidos pelo poder radical vigente, e desde então, como que à vez, CDS-PP e PPD-PSD representam a área da Direita em Portugal sem que alguma vez se assumissem como de Direita, melhor, colhendo os seus votos, mas renegando-a.
Assim, os quarenta anos do ’25 de Novembro de 1975, que passam na próxima quarta-feira, mais não são do que a memória de um tempo de chumbo, que nem em nota de rodapé da centenária História de Portugal será no futuro próximo lembrado.
Mário Casa Nova Martins
in, Semanário O Diabo, 8 de dezembro de 2015, pg. 19